Evolução e convulsão

*Por Armando Marsarioli Filho

Em um cenário de crise como o nosso, a sobrevivência nessa arena depende da
evolução advinda da capacidade de adaptação, único atributo capaz de preservar
empresas e profissionais.

Dificilmente sobreviverá aquele que continuar insistindo em ofertar os mesmos
produtos e serviços da mesma forma como o fazia antes do colapso.

A evolução floresce a partir da convulsão.

Portanto é, para nós, de fundamental importância compreender que a ausência de
conflitos ou problemas nos impediria de experimentar alternativas de melhor
realizar o que fazemos; condição esta que nos sepultaria em uma existência letárgica
até o desaparecimento por completo de nossas atividades.

Um exemplo dessa tese está na Oração de São Francisco, em um trecho que diz:
“Fazei-me instrumento de vossa paz”. E em todo o texto as frases praticamente
citam a importância de levar a harmonia onde houver conflitos e, em nenhum
momento, faz referência como algo do tipo: “poupa-me de todos os problemas”.
Outro exemplo é uma das regras da evolução. Ela nos ensina que não deveríamos
pedir bênçãos em nossas orações, mas oportunidades para evoluirmos como seres
humanos.

É impossível progredir sem os problemas que a vida nos oferece para praticarmos
nossos conhecimentos e competências. No entanto, passamos grande parte de
nosso tempo amaldiçoando as dificuldades como se fizessem parte de um
purgatório que temos a obrigação – por uma questão de carma – de sofrer em vida,
durante nossa passagem pela Terra.

E assim vivemos suplicando aos céus que nos permita a prosperidade, convivendo
com a rotina do óbvio, evitando ao máximo estar frente a frente às ocasiões que a
vida nos oferece para praticarmos o conhecimento que adquirimos, transformando-
o em experiência e sabedoria.

São as adversidades que revelam os grandes líderes. Sempre foi assim, em toda a
história da humanidade.

Na dificuldade a criatura busca interagir com a Divindade. Porém, a Divindade
obriga a criatura a interagir com a criatura.

Este é o momento em que as empresas deveriam reunir sua inteligência com a
inteligência de seus fornecedores e clientes para encontrar os novos rumos da
produtividade e da eficácia do servir e do produzir. De nada servem as reuniões de
lamentações onde os únicos esforços são empreendidos para encontrar a forma
mais sorrateira de aumentar os preços ou as margens, diminuindo as quantidades
por embalagem ou a qualidade do produto.

Não seja óbvio nos momentos de caos. Toda crise vem porque o erro ou o óbvio foi
praticado por tempo demasiado. Este é o momento da nossa história em que as
atitudes com foco na evolução, valerão mais do que os diplomas pendurados pelas
paredes!

Deus abençoe o Brasil e a todos os brasileiros!

*Armando Marsarioli Filho é especialista em desenvolvimento de redes de
distribuição da empresa SEALEAD – Distribution Networks Development –
armando.marsarioli@sealead.net